Bom, me chamo Joás Ellion, e eu não sou muito bom em me expressar, mas eu preciso. Sabe quando a vida parece ser tão lúcida que chega a doer? Então, acho que isso descreveria bem o que sinto agora. Tenho muitas vontades, mas não tenho disposição para executar nenhuma delas, é como se eu mesmo estivesse me sabotando. Mesmo tendo o potencial de um tigre, me sinto enjaulado por mim mesmo. É como se tudo estivesse ao meu alcance, mas eu estivesse sem vontade de agarrar. Tenho medo de ser só mais um. Eu sempre acreditei que ser grande era uma questão de escolhas, e afinal, quem não quer ser relevante? Ter muitos que se inspiram em você? Ser um protagonista de sucessos…
Você já sentiu que veio ao mundo para fazer algo além do que já faz? Por um momento, você fecha os olhos e enxerga com tanta clareza o que precisa ser feito e pensa: ‘É isso’. Mas quando abre os olhos, olha para o lado, vê seu caderno, e em cima dele sua garrafa de água, e logo ao lado sua caneta, e, próximo, não muito distante, um lenço.
É patético, eu sei. Afinal, esse é o sentimento de muitas pessoas. É louco pensar que não temos tempo, às vezes, nem para sofrer. Muitos julgam os sentimentos como algo importante; eu vejo eles como nossa maior fraqueza. É até irônico, porque para alguns é a maior força, mas, falando a verdade, eu nem sei mais do que estou falando. Era para esse texto significar algo… mas nem isso estou conseguindo.
Pode parecer engraçado falar de dores, mas acho que tudo isso é pequeno. Vamos nos desprender disso tudo por um segundo e pensar na proporção de relevância que temos para o universo (sim, eu vou por esse caminho). Afinal, como falar de grandezas ou de relevância sem citar o quão pequenos e irrelevantes nós somos? A humanidade se sente muito no centro das coisas, mas, na verdade, não estamos nem perto de ser o centro de nada. Não somos o centro nem de nossa própria existência, não conseguimos entrar em harmonia nem por um bem maior.
As pessoas se veem como inimigas, mas na minha visão estamos perdendo tempo. Deveríamos estar tentando entender qual nosso real propósito, porque, afinal, eu não acredito nas ideias que me foram apresentadas. Não acredito que nosso propósito esteja atrelado a ideias religiosas ou algo nesse sentido. Eu acredito mais no acaso. E sim, antes que você me julgue por isso e ignore o que eu já disse ou o que vou dizer, é plenamente possível o acaso quando se trata de universo. Há quem diga que vê ordem no caos, mas a ordem é uma sequência de padrões estabelecidos por nós mesmos. Não acredito que exista uma ordem suprema para as coisas acontecerem. Afinal, se existisse essa ordem, a que fim ela levaria? É curioso pensar na ideia de um ser supremo que enxerga tudo e todos, aplicando a mesma ideia de forma individual.
Descarto a ideia de ordem porque, se for analisar, nada segue uma ordem. Alguns veem ordem porque é o que querem enxergar. Como, por exemplo, o cair das folhas de uma árvore. Não existe ordem nisso. Aí você me diz que as folhas secas caem primeiro, certo? Errado. O vento pode derrubar folhas verdes também. A árvore segue uma ordem ao renovar suas folhas? Vamos partir dessa ideia e supor que cada galho tem um número que ditará a ordem em que as folhas cairão. Será que elas seguirão essa ordem exata? Se a resposta for não, você também concorda que não existe ordem. Afinal, a ideia de sequência também está sujeita a interpretação. Seria muita presunção afirmar qual folha cairá primeiro e qual cairá por último apenas ao observar uma árvore. Partindo dessa ideia, por que é tão natural propor que todo o universo segue uma ordem?
Imagine o universo como uma grande árvore, com bilhões de galhos e trilhões de flores. Você estaria posicionado em uma delas, na mais pequena. Você poderia afirmar a ordem exata em que cairia? Acho que a resposta seria no mínimo inconclusiva. Desta forma, eu me proponho a interpretar o universo. Tudo que somos e tudo que viermos a ser será totalmente irrelevante para a grande árvore do universo. Essa é uma analogia triste, porém é inegável que faça sentido. Afinal, o universo é observável. Não é possível dizer que outras galáxias não existam, afinal, você as enxerga ao olhar para o céu. Você também não pode afirmar que estamos sós. Seria incorreto, afinal, a parte que conseguimos enxergar para afirmar isso é insuficiente. Então, qual conclusão pode-se tirar ao observar o universo? Bom, a minha é bem clara: não conseguimos provar muita coisa. Afinal, observar não é entender, então será sempre passível acreditar ou não em certas coisas. Infelizmente, se fosse tão simples, já teríamos chegado a um consenso sobre a existência.”
Conclusão: A vida não tem uma ordem definida, e nosso papel no universo pode parecer pequeno, mas cada um decide o que enxergar. É a incerteza que nos move — não há ordem, apenas possibilidades.